“DEZ MINUTOS” com BÁRBARA HELIODORA : “Um trabalho prestado ao público está sempre sujeito à críticas”

A temida crítica de teatro do GLOBO Barbara Heliodora lançou nesta quinta-feira, na Livraria da Travessa de Ipanema, o livro “ A História do Teatro no Rio de Janeiro” (Editora Novas Direções). Na obra, a autora leva o leitor a um passeio pela história do teatro carioca, desde o padre Anchieta, que trouxe obras de cunho religioso em latim, português, espanhol e tupi, passando por Antonio José, o judeu, primeiro dramaturgo nascido no Brasil, e João Caetano, o ator brasileiro que obteve consagração inédita nos palcos.

A atriz Marília Pera, amiga da autora há anos, passou por lá e disse que embora tenha um respeito grande pelas críticas de Bárbara, o que mais pesa em suas considerações é o grande carinho que existe entre elas: “Eu tenho uma relação de amizade,carinho,afeto e admiração com ela; quando não estamos juntas assistindo algo,ela está me assistindo, eu dou depoimentos em documentários que traçam o perfil dela e assim nós vamos caminhando”, disse a atriz.

Nós acompanhamos a noite de autógrafos e tivemos o privilégio de conversar com Bárbara, que com muita simpatia revelou alguns pontos importantes para um bom espetáculo teatral.

*A senhora que sempre foi temida por suas críticas rigorosas, agora está lançando um livro que provavelmente também sofrerá avaliações a respeito da qualidade.Isso a preocupa?

Bárbara-“É claro que o meu livro pode sofrer críticas, assim como qualquer pessoa que resolva falar sobre teatro no Rio de Janeiro.Durante o processo de feitura do livro, eu tive tanto material em mãos que devo lhe confessar que foi difícil escolher o que era melhor abordar;então é claro que eu também posso ter errado de alguma forma, mas acredito que ele tem mais acertos que erros.Eu tentei fazer uma panorama que desse a linha mestra do que é e como se formou o teatro aqui no Rio de Janeiro.Não sei se consegui falar de tudo,acredito até que não,mas o livro tem uma beleza impressionante, são boas estórias contadas e com ilustrações que representam de forma divina belos momentos já vividos nos palcos.”

*Eu acho que ninguém melhor que a senhora para responder o seguinte.Que qualidade é determinante num bom espetáculo teatral?

Bárbara-“Ah,isso eu te respondo de imediato.O que não pode faltar de modo algum é harmonia,disciplina e a vontade de dizer alguma coisa,de trazer uma reflexão seja lá sobre o que for.Pode ser um drama ou comédia,mas que todos os envolvidos se unam com o objetivo de transmitir algo e façam um trabalho unificado em cima dessa ideia.”

*E tem alguma fórmula usada nos palcos que a senhora considere como desgastada?Algo que já não valha mais a pena desenvolver no teatro?

*Bárbara-“Eu penso que muita coisa está desgastada há tempos, mas estão aparecendo vários autores com dramaturgia muito nova,de maneira que nós estamos tendo oportunidade de assistir montagens com esse frescor dos novos tempos, o que eu acho brilhante.Eu acho importante os novos autores encontrarem uma linguagem que diga exatamente o que eles estão vivendo, porque se está tudo meio caótico na cena teatral é porque o mundo em que vivemos também está meio caótico.Mas todos estão procurando encontrar caminhos para dizer o que pensam e o que sentem, o que é muito bom.”

*No universo teatral existe um certo dilema e por vezes até preconceito em relação aos espetáculo de stand-up.Eu gostaria que a senhora fizesse uma breve consideração sobre esse tipo de expressão.

Bárbara-“Eu acho que é espetáculo.É um modo de trabalhar em que o artista abre mão de lançar um personagem criado por um autor e opta por ser ele mesmo.É uma expressão cênica, mas que por vezes em sua estrutura nos leva a um espetáculo de teatro e em outras vezes tende mais para um show, o que também não deixa de ser uma forma de expressão.”

*Muito obrigado por nos receber com anto carinho.

Bárbara-“Eu agradeço e me ponho sempre à disposição de vocês.”

*reportagem e imagens : Léo Uliana