Seguindo o “Fluxo”

Fluxo. Thiago Ciccarino e Bruno Autran (2)Os acidentes de trânsito em São Paulo fizeram 1.357 vítimas em 2014, segundo dados da Companhia de Engenharia de Trânsito (CET) de lá. A grande maioria das vítimas é de pedestres. Indo da realidade à ficção, um acidente de trânsito é o elo de ligação entre um escritor misterioso e um executivo do mercado financeiro. Um encontro é combinado entre ambos. Desse acerto de contas se desenrola a ação dramática de “Fluxo”, peça escrita e dirigida por Thiago Ciccarino que, após duas temporadas em São Paulo, chega ao Rio,  para apresentações no Centro Cultural Justiça Federal. Na incursão carioca, Bruno Autran, do elenco original,  divide a cena com o próprio Thiago, que viverá por aqui o papel originalmente interpretado por André Hendges, de quem foi stand-in. Com a montagem, Bruno e Thiago dão continuidade a uma parceria profissional iniciada oito anos  atrás e que os levou à primeira incursão teatral em 2009, quando levaram ao Festival de Curitiba a peça “No meio do caminho”, interpretada por Bruno e que marcou as estreias de Bruno e Thiago nas funções de autor e diretor, respectivamente.

Era 2008 quando o carioca Thiago Ciccarino trocou o Rio por São Paulo. E alguma coisa aconteceria no seu coração. Mais exatamente quando atravessava a avenida Heitor Penteado. O jovem estava no meio do caminho quando o sinal abriu. Os carros avançaram sem dó levando-o a correr feito louco. Alguma coisa começava a acontecer no seu coração, que ia pela boca. Não só no coração, mas na sua cabeça. Nascia ali a ideia de fazer algo com o tema atropelamento. “Não só o atropelamento físico, mas o das ideias e o das palavras. Quantas vezes passamos por cima de alguém sem nos darmos conta disso?”, provoca ele, chamando a atenção para o mistério em torno desse atropelamento, só esclarecido na cena final.

“Fluxo” estreou no teatro do grupo Parlapatões em 2014. Era a segunda direção teatral de Ciccarino (a primeira foi no supracitado “No meio do caminho”). Mas algo o faria  suar frio como um estreante: aquele não era um texto qualquer, mas seu primeiro para teatro. A acolhida do público sepultou a insegurança dos dias que antecederam a estreia. Mais do que isso:  fez com que a peça voltasse àquele espaço no ano seguinte. O elenco trazia agora André Hendges e Bruno Autran. E os novos atores foram o combustível que faltava para o boca a boca  ir mais além, rendendo a Bruno, inclusive,  elogios nas redes sociais — do público leigo a nomes como o diretor Ulysses Cruz, que classificou o desempenho do ator como “imperdível”.

A peça acabou em primeiro lugar no site “Amo teatro”, cujo ranking é fruto da escolha do público. A acolhida paulistana trouxe alívio ao autor estreante e, indo mais longe, certamente fez com que o carioca Ciccarino passasse a ver aquela metrópole com outros olhos — diferentes dos de recém-chegado, quando um susto levou-o a escrever seu primeiro texto teatral. É muito provável que venham outras peças. Por enquanto, autor-diretor e ambos os atores seguem firmes nesse “Fluxo”.   O sinal está aberto.

Serviço:

 Fluxo

 Gênero: drama psicológico

 Temporada: 04 a 26 de setembro, de sexta a domingo nas duas primeiras semanas e às sextas e aos sábados nas duas últimas

 Horários: 19h e, a partir do dia 18, às 18h

 Local: Centro Cultural da Justiça Federal – CCJF (Av. Rio Branco, 241, Centro. Informações: (21) 3261-2550)

 Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia entrada nos casos previstos em lei)

 Capacidade: 140 lugares/Duração: 60 minutos/Classificação: 12 anos

 

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