Deus e o Diabo na Terra do Sol

by Philipp Lavra 05[1]

Deus e o Diabo na Terra do Sol, montagem premiada na Fita (Festa Internacional do Teatro de Angra) e em outros festivais pelo Brasil, inicia uma curta temporada no Teatro João Caetano dia 15 de janeiro, com sessões sextas e sábados, 19h e domingos, 18h. A temporada segue até dia 31 de janeiro.

 Recheada de referências culturais e históricas, a montagem retrata vidas marcadas pela pobreza e tangidas pela força da religiosidade, pelo constante conflito entre o bem e o mal – Deus e Diabo – e pela luta por sobrevivência. No centro da trama está o vaqueiro Manuel que, em defesa de seu orgulho, dignidade, ou qualquer coisa que o valha, mata um coronel que tenta extorqui-lo. Perseguido pelos homens do coronel, Manuel foge com sua mulher, Rosa, e, no desespero, se une ao grupo liderado pelo religioso Santo Sebastião.

  A partir daí, tem início uma jornada épica em busca de uma possibilidade de viver para além das necessidades físicas; uma caçada sofrida em busca de um indivíduo potente e consciente do seu lugar e da sua função no mundo.

 Deste mote é urdida a teia de acontecimentos (pessoais e políticos) que findam por elaborar uma fotografia panorâmica de um período da história do país por meio da “dramática aventura de um homem que se perde entre um deus negro e um diabo louro, guiado por uma testemunha cega e perseguido pela morte”, em palavras do próprio Glauber.

 Segundo o diretor Jefferson Almeida, a montagem representou um grande desafio para o grupo, que tem como foco estudar o papel da música na cena teatral: “Tivemos que transportar para o teatro uma obra criada para a linguagem cinematográfica, para tanto, além de uma cena que desse conta dos diversos ambientes e situações, precisamos elaborar uma cena em que a música composta pelo Sérgio Ricardo para a trilha do filme estivesse plena, cumprindo suas funções musicais, mas aliada à ação dramática; aqui, a música é parte do texto do espetáculo”, explica o diretor.

 A causa motora para a realização do projeto, em princípio, foi a continuidade do trabalho de pesquisa cênica iniciado pela Cia. com a montagem de “Calabar, o elogio da traição”, de Chico Buarque e Ruy Guerra. Abrigada pela UNIRIO desde sua fundação, em 2008, a então Cia. Provisória, se dedicou a elaboração de um espetáculo no qual pudesse investigar ainda mais a fundo a relação da música com a cena, o universo épico e com o qual pudesse, ainda, discutir questões pertinentes da historia e da cultura brasileiras. Assim, em outubro de 2011, “Deus e o diabo na terra do sol” estreou no âmbito universitário; depois, depois de se apresentar em uma dezena de festivais pelo país, fez a sua estreia no circuito profissional carioca, deixando de ser provisória e transformando-se na Definitiva Cia. de Teatro.

 Ator, diretor e dramaturgo, Sérgio Fonta elogia a adaptação do longa para o teatro. “Quando Glauber Rocha, nos anos 1960, fez este filme que entrou para a história do cinema brasileiro, talvez não imaginasse que sua obra um dia saltaria da tela para o palco. É o que acontece através do diretor Jefferson Almeida nessa montagem. Estão no espetáculo a secura e a violência de um nordeste árido, com seus personagens fortes ou desvalidos, mas todos carismáticos. Estão lá com toda a força de que o teatro é capaz. Estão lá Deus, o diabo e Dionysos na terra do sol. Brilhando”, conclui Sérgio.

SERVIÇO:

 Local: Teatro João Caetano/Endereço: Pça Tiradentes S/N

Reestreia: 15 de janeiro

Temporada: De 15 a 31 de janeiro

Horários: Sextas, sábados 19h, domingo, 18h

Gênero: Épico/Duração: 70 minutos

Classificação: 16 anos/Preço: R$ 20,00 (Inteira)/Capacidade: 1143 Lugares

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