“Hotel Brasil”
Três capítulos de triângulos amorosos: um casal espera uma mulher com um carregamento de drogas. Esta revela-se a antiga amante ainda apaixonada pelo jovem rapaz. O capítulo seguinte reúne um escritor falido, sua mulher e a cunhada, que se encontra foragida da polícia. Eles finalmente tomam coragem para mandá-la embora. Por último, durante o carnaval, uma mulher tem a tarefa de convencer seu amante de que sua esposa está morta. Três situações diferentes passadas num mesmo cenário: um quarto do decadente Hotel Brasil.Espetáculo dirigido por Joelson Gusson (indicado ao Shell por “Tran_se”), “Hotel Brasil” traz no elenco Alan Pellegrino, Elisa Barbato e Luisa Friese, e estreia dia 27 (sexta) no SESC Copacabana, onde poderá ser visto na Sala Multiuso.
Com nove personagens minuciosamente construídos a partir do estudo sobre vários ícones culturais — Blanche Dubois, Stanley e Stella Kovaslky, Elvis Presley, Marilyn Monroe, Amy Winehouse, Orfeu, Eurídice e Mira — “Hotel Brasil” é dividido em três capítulos (ou atos) construídos sobre uma mesma “marcação” cênica. Os atores repetem as mesmas ações, com diferenças sutis em cada um desses capítulos. Assim cria-se a ilusão de se estar vendo as mesmas pessoas com diferentes facetas. Ou os mesmos temas em diferentes culturas. Ou ainda de estar-se vivenciando um tempo elíptico.
A ação se passa num quarto de hotel localizado em algum lugar no Brasil, morada temporária que pode ser desfeita a qualquer instante, assim como as relações que ali se estabelecem. O espetáculo fala da fragilidade dessas relações, do amor passional e de situações aparentemente estáveis e felizes. Tanto Mishima quanto Williams e Vinicius propõem um universo bem estreito, quase claustrofóbico e muito rico em detalhes, que levam tanto os personagens quanto o espectador a pensar: “como foi que chegamos até aqui?”.
“Hotel Brasil” é a encenação de histórias inspiradas em propostas desses três autores que trazem em si a tragédia decorrente do embate entre os sentimentos naturais e as convenções sociais. Seus personagens procuram reafirmar sua condição humana lançando um último desafio à realidade, onde, cada um deles, tem uma pequena ideia do caminho que se quer seguir — e quais atitude têm de tomar em consequência disso. Mas eles não fazem realmente escolhas. São incapazes de ver outras soluções, pois estão possuídos por um acúmulo de sentimentos como amor, desejo e vingança.
O cenário de Joelson Gusson, os figurinos de Paula Stroher e luz de Tomás Ribas vestem estes personagens da nudez (e do vazio) impessoal deste quarto de hotel.
Serviço: Hotel Brasil
Temporada: de 27 de janeiro (estreia) a 19 de fevereiro
Dias e horários: sextas e sábados, às 19h, e domingos, às 18h
Local: Sesc Copacabana –Sala multiuso (R. Domingos Ferreira, 160, Copacabana. Tel: 2547-0156. A bilheteria funciona de terça a sábado, das 13h às 21h e, aos domingos, das 13h às 20h)
Ingressos: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia-entrada) e R$ 5 (associados Sesc)
Capacidade: 40 pessoas
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 14 anos