O amor de Zélia Gattai e Jorge Amado chega ao Teatro Petra Gold

NA CASA DO RIO VERMELHO – O AMOR DE ZÉLIA E JORGE estreia no Teatro Petra Gold, no projeto “Chá das cinco”, sábados e domingos, às 17h, a partir de 19 de outubro. O espetáculo, com direção e texto de Renato Santos, mostra, a partir da memória musical do casal, os 56 anos de amor entre Zélia Gattai (Luciana Borghi) e Jorge Amado (Pedro Miranda). “Este horário, além de ser a tradicional matinê, a sessão da tarde, é charmoso e adequado para um público que gosta de sair ainda de dia, jantar e chegar mais cedo em casa”, diz a atriz Luciana Borghi. A peça estreou em agosto e realizou apresentações nos teatros do Sesc e Prudential.

Eles moraram, durante 40 anos, na casa do Rio Vermelho, atual Memorial, espaço de referência para Salvador, onde os escritores recebiam, de forma acolhedora, artistas nacionais e internacionais como Pablo Neruda, Vinícius de Moraes, Glauber Rocha, Tom Jobim, Jean-Paul Sartre, João Ubaldo Ribeiro, além de lideranças religiosas locais e políticos. “A encenação é realista, histórica. O espetáculo segue uma cronologia, que vai desde o primeiro encontro do casal, na década de 40, até a despedida de Zélia Gattai da casa do Rio Vermelho, onde está tomando providências para fazer da casa, um memorial”, conta Renato.

A principal referência do texto foram os livros escritos pela autora, mantendo-se assim uma estrutura memorialista, com uma adaptação em formato de narrativa direta de lembranças emocionais. Na direção foi construído um arcabouço de interpretações com análise dos personagens de Jorge Amado. A personagem Zélia, ora pode ser apaixonada como a Dona Flor, ora guerreira como Tereza Batista ou mesmo subir o tom em defesa da cultura afro brasileira como Pedro Arcanjo, personagem principal do livro Tenda dos Milagres de Jorge Amado. “Falar de uma grande mulher, um grande homem, uma linda história de amor que se confunde com a história de lutas políticas, sociais e culturais no Brasil do século XX é o objetivo de nosso espetáculo. Falar de Zelia Gattai e Jorge Amado é falar de arte, cultura e delicadeza”, diz Maria Siman, coprodutora do espetáculo.

A atriz Luciana Borghi, fez um vasto laboratório de caracterização para conseguir semelhança na voz e nos trejeitos da autora. Destacou a sua origem como imigrante italiana e criação na cidade de São Paulo. “Me mudei para Bahia com a finalidade de estudar a vida da Zélia e Jorge. Entrevistei amigos, criei laços com os seus netos; até que a presidente da Fundação Jorge Amado convidou o espetáculo para estrear no centenário da Zélia, que foi em 2016, na própria casa deles, o memorial. Precisava de tempo para vivenciar o universo, para frequentar o espaço, a casa, não como visita”, conta Luciana Borghi, idealizadora do projeto e intérprete de Zélia Gattai.

O ator e músico Pedro Miranda faz uma participação especial e dá vida a vários personagens, entre eles, Jorge Amado e Dorival Caymmi. O repertório musical do espetáculo constitui o universo do casal, incluindo canções que Zélia gostava de cantar em casa, além de músicas da época como “eu sei que vou te amar”, sucessos que marcaram a vida deles. As músicas da peça são como personagens, dialogando com as cenas e conduzindo a memória e as histórias. São músicas dos amigos que frequentavam a casa, e reforçando este clima íntimo e familiar, alguns instrumentos estarão presentes no cenário da peça. As cenas poderiam acontecer tanto na cabeça de Zélia, como nas páginas de seus livros. “Não tem muito arranjo. Decidimos fazer uma coisa bem simples, um espetáculo de bolso com tudo tocado e cantado em cena, para acompanhar e fazer um espetáculo bem intimista, próximo à contação de história, que seria Zélia na casa do Rio Vermelho contando a história da vida deles”, revela Pedro Miranda.

Luciana e Miranda trabalharam juntos no Cordão do Boitatá, um bloco do Rio de Janeiro. “Fizemos O Auto do Boi durante 3 anos, éramos o casal principal. Quando chamei o Pedro para a direção musical e interpretação, fui logo falando do repertório: são canções que funcionam como dramaturgia. É um projeto para falar desse Brasil, desses compositores importantes da música brasileira. A ideia é que Pedro faça isso com o repertório dele e eu faça com o meu teatro, transpondo a literatura brasileira para o palco”, detalha Borghi.

A música era muito presente na Casa do Rio Vermelho, onde Zélia Gattai adorava cantar ritmos diferentes. “Paloma Amado disse que sabia como estava o humor de sua mãe pela música que ela estava cantando. Se a Zélia estivesse cantando ópera, era porque o dia estava tenso”, revela Luciana. Zélia, que se auto intitulava uma contadora de histórias, começou a escrever aos 63 anos, sendo considerada uma grande memorialista. A autora dizia que era preciso viver muito, ama­durecer bastante, para ter maior compreensão do ser humano e estar despida do sentimento de inveja e de revanche. Escrevia com liberdade e com o coração. Luciana Borghi imprime, no espetáculo, a voz macia, simpática e o jeito simples da autora de um dos maiores sucessos da literatura brasileira, o romance “Anarquistas, graças a Deus”.

O cenário também de Renato Santos é intimista, conduz o espectador ao sentimento de despedida, pois espalhadas pelo palco, estão caixas de papelão usadas para guardar alguns objetos que pertenceram ao casal: máquinas fotográficas, discos de vinil, instrumentos musicais, cadeira de balanço, fotografias e máquina de escrever, que trazem memórias afetivas e contracenam com os personagens. O que inspirou e norteou a criação da luz foi a paixão e a sensibilidade que permeia a história. “Tentei transmitir sempre a atmosfera acolhedora da Zélia e do Jorge Amado”, descreve o iluminador Luiz Fernando. A figurinista Goya Lopes concebeu o vestido de cena, referendado nos bordados que Zélia gostava. “Foi uma pesquisa baseada em bordados dos países que Jorge e Zélia visitaram”.

“No dia 2 de julho do ano de 2016, assisti pela primeira vez a um trecho do espetáculo Na Casa do Rio Vermelho. O dia era o mais apropriado, centenário de Zélia Gattai Amado, inspiradora de Luciana Borghi e Renato Santos para este espetáculo. O dia era dedicado à escritora e fotógrafa ítalo-paulista baiana, minha mãe. De repente, surge Luciana/Zélia, igualzinha uma à outra, a mesma doçura, a mesma força, o mesmo rosto bonito e delicado. E porque não dizer que o canto era igual, o amor e os ciúmes também. Estava de mãos dadas com minha filha Mariana, a primogênita, a que se parece com a avó. Os dedos se apertaram, chorávamos de emoção. Estou na maior felicidade porque muita gente poderá conhecer mais de minha mãe, esta mulher formidável, e o fará pelas mãos delicadas de Luciana Borghi, mãos, rosto, voz, sensibilidade”, relata Paloma Amado, filha de Jorge e Zélia.

Serviço Teatro Petra Gold

Endereço: Rua Conde de Bernadotte, 26 – Leblon

Telefone: 2529-7700

Temporada: 19 de outubro a 10 de novembro

Sábados e domingos, 17h
Duração: 70 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Ingressos:
R$ 60,00 – inteira
R$ 30,00 – meia

Vendas Sympla: https://bileto.sympla.com.br/event/62299/d/71930

Ficha Técnica

Direção e texto Renato Santos

Interpretação Luciana Borghi e Pedro Miranda 

Direção Musical Pedro Miranda

Direção de movimento Débora Veneziani 

Direção de Produção Maria Siman

Luz Luiz Fernando

Cenário Renato Santos

Figurino Goya Lopes

Fotos Victor Hugo Cecatto

Assessoria de Imprensa Eduardo Barata

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