O Corpo da Mulher Como Campo de Batalha
Espetáculo do romeno Matéi Visniec estreia uma nova temporada de 4 a 27 de novembro, no SESC Tijuca
Duas mulheres se cruzam depois da Guerra da Bósnia, uma terapeuta norte-americana e uma jovem bósnia violentada. Ambas revelam suas histórias numa tentativa desesperada de encontrarforças para continuar suas trajetórias.Após duas bem-sucedidas temporadas- no Sesc Copacabana e no Teatro Poeira, O corpo da mulher como campo de batalha, de MatéiVisniec,reestreia dia 4 de novembro, no Teatro I do SESC Tijuca. O espetáculo retrata duas mulheres arrasadas, feridas, que tentam reconstruir a percepção sobre si mesmas e sobre o mundo.
Através de Kate (Ester Jablonski), uma psicoterapeuta americana que trabalha como voluntária, e Dorra (Fernanda Nobre), uma refugiada bósnia vítima de estupro, Visniec deflagra um grito sobre a condição da mulher durante a guerra, quando o estupro era a tática mais utilizada para humilhar e derrotar o inimigo de ambos os lados. A dramaturgia de MatéiVisniec, aliada à direção de Fernando Philbert, tem a potência de traduzir o ser humano ao trazer para a cena a questão da violência contra a mulher sem derrotismo, mas sob o ponto de vista da luta e resistência em todas as guerras, até mesmo as do dia a dia.
O autor romeno, naturalizado francês após pedir asilo político em 1987, é considerado por muitos “o novo Ionesco”, por dar continuidade ao gênero do teatro do absurdo. Outro traço de seus trabalhos é o olhar crítico do autoritarismo e as contradições inerentes ao ser humano.”Descobri quando vim morar no Ocidente, que as pessoas podem ser manipuladas mesmo em uma sociedade livre e democrática e que isso pode ser feito em nome da liberdade e da democracia. Descobri que a luta pelo poder pode tornar-se um espetáculo grotesco, que a demagogia tem sutilezas que se pode facilmente confundir com reflexão filosófica; e que, o que é ainda mais grave, a demagogia casa-se muito bem com os poderes das mídias. Descobri que a liberdade pode ter um lado selvagem, que a informação pode matar a comunicação, que nada jamais é definitivamente adquirido e que o ser humano deve lutar sempre por seus direitos, para preservar sua liberdade ameaçada pelos efeitos da liberdade. Acho que o teatro pode e deve falar disso, falar dos múltiplos paradoxos da sociedade industrial, moderna e democrática. A sociedade civilizada, evoluída, não está protegida dos numerosos poderes obscuros que a rondam, que a desumanizam(…)”, define Matéi.
Nada mais atual. Embora escrito nos anos 90, a atualidade é uma das marcas mais contundentes do espetáculo.
SERVIÇO : O CORPO DA MULHER COMO CAMPO DE BATALHA
Nova Temporada: 4 a 27 de novembro de 2016
Horários: Sextas, sábados e domingos, às 20h
Local: Teatro I – SESC Tijuca (Rua Barão de Mesquita, 539 – Tijuca)
Valor Ingresso:R$20,00 (inteira), R$10,00 (meia) e R$5,00 (comerciário)
Tel.: 3238-2072
Duração: 70 minutos/Classificação: 14 anos
Gênero: Drama/Capacidade: 228 lugares