Quando Chico Buarque era Julinho de Adelaide…

Os mais jovens estranham quando ouvem dizer. Mas quem viveu nos anos 60 e 70 sabe bem o que representou uma época do Brasil, em que tudo era milimetricamente medido, afim de que nada pudesse respingar na reputação dos homens que governavam o País. Tempo em que os artistas submetiam literalmente suas obras às avaliações de uma comissão julgadora, para que as mesmas fossem então levadas ao grande público.

Esse é o tema central do espetáculo “Apesar de Você”, em cartaz no Teatro do Leblon-RJ.

Celso Taddei e Gabriela Amaral, que são casados, pensaram no texto quando, informalmente, conversavam em casa sobre essa fase tenebrosa pela qual o Brasil passou. Se viram com questões como “Onde estão os censores atualmente?”, “Qual era o critério de avaliação para embargar uma obra artística?”, “Como de fato funcionava o sistema ditatorial?”. E diante de tantas interrogações eles não pensaram duas vezes; deram vida ao espetáculo cujo título, “Apesar de Você”, remete a um velho sucesso de Chico Buarque, que de tão perseguido pela Censura por conta de suas letras audaciosas, adotou o codinome Julinho de Adelaide. Mas sucesso este que, contrariando expectativas do próprio Chico, acabou tendo aval para ser executado publicamente.

Essa semana nós tivemos o privilégio de ser recebidos por Celso e Gabriela (autores do espetáculo), pelo diretor Márcio Trigo e pela talentosa Tatá Lopes, que está no elenco da peça, e eles nos contaram detalhes desse trabalho que vem encantando a todos os que tem oportunidade de assistir o espetáculo.

APESAR DE VOCÊ

Sala Marília Pêra