A transgressora Gal abre o seu coração !
O relógio já marcava 19:30h quando a cantora Gal Costa chegou para a sessão de autógrafos de seu recente álbum “Estratosférica”, mas isso não foi problema para as centenas de admiradores que aguardavam a presença da diva desde cedo na Livraria da Travessa (Leblon-RJ); com enorme satisfação Gal recebeu todos os mais de 300 fãs que foram desfrutar do seu carinho, incluindo Gal Rodrigues, que na verdade se chama Lucilene, mas adotou o codinome em homenagem à diva. Misturados entre os anônimos estavam também Amin Khader, seu ex-assessor,e os músicos Jards Macalé e Charles Gawin. Acompanhada de perto pelo filho Gabriel, que inclusive interagia com boa parte dos presentes, a cantora abraçou e beijou todos que ali estiveram.
A estrela atendeu nosso pedido e nos concedeu uma entrevista exclusiva, onde fala sobre a carreira, a alegria de ser uma referência para as jovens cantoras e sobre o filho de 10 anos, que segundo ela, já demonstra querer seguir os passos da mãe.
Com vocês, Gal Costa !
*Gal, você diz que sua grande inspiração como cantora foi a Ângela Maria, mas você se tornou também ao longo dos anos uma das maiores referências para as jovens cantoras. Como você vê essa reverência à sua imagem?
GAL– Eu acho que isso faz arte de um processo mesmo, a gente aprende muito com outras gerações e outras gerações aprendem muito com a gente; outras gerações transmutam isso, tornam nosso trabalho até mais moderno. Quando eu era criança ouvia muito Ângela Maria, Dalva de Oliveira, Nora Ney, mas depois eu ouvi João Gilberto e isso fez uma diferença enorme na minha vida, nem sei explicar. Ele modernizou o meu canto e eu reaprendi a cantar. Com isso acredito que eu tenha feito uma carreira bonita e enfim realizado o sonho da minha vida, que era fazer música e ter uma carreira consolidada. Acho que através da música eu posso dar muita coisa boa às pessoas e inclusive ao meu filho, que parece que vai seguir os meus passos.
*E ele tem uma boa voz?
GAL–Você não faz idéia, o Gabriel é muito musical, muito mesmo, impressionante, vocês podem se preparar viu!
*A transgressão sempre se fez presente na sua carreira, não só no Tropicalismo, mas até mesmo em trabalhos como o “Estratosférica”. Tem algum momento que você considera mais relevante dentro desse processo musical que é tão peculiar no seu trabalho?
GAL–Olha, eu subo no palco sempre pensando um mudar as pessoas, em transgredir, transmutar, mas não é fácil, é complicado. Por exemplo, quando no início de carreira eu ouvia o João Gilberto, aquilo me causava uma certa estranheza, eu achava que ele era desafinado ; então eu ficava questionando, questionando e no fim das contas eu acabei me apaixonando. E foi aí que eu acho que começou a minha transgressão, a minha necessidade de mexer com a cabeça das pessoas. E eu sei que isso pauta muitos momentos da minha carreira.
*O que o público pode esperar do “Estratosférica” nos palcos?
GAL-Ah, a partir de agosto vem coisa boa por aí, mas aguardem(risos).
*E com relação à homenagem feita ao Lupicínio, não vai gravar em cd ou dvd?
GAL-Eu tenho enorme vontade de gravar sim, de deixar eternizado o trabalho sobre o Lupicínio, mas é que no momento eu tô completamente tomada pelo “Estratosférica”. Eu creio que mais a frente nós faremos o registro da obra dele, mas não agora.
*reportagem : Léo Uliana/*fotos : Izabel Lucas
Gostaria muito de estar aí no Rio,pra entregar pra minha ídolo a música que foi composta pra ela e que infelizmente o autor já faleceu.Aqui vai um pequeno trecho da música: Se virei a musa do tropicalismo não segui modismo no meu cantar.