Luísa Thiré presta homenagem à sua avó, Tônia Carrero, com ‘Navalha na Carne’

Tônia Carrero, uma das maiores damas do teatro brasileiro, será homenageada, por sua neta, com peça e exposição, a partir de 11 de abril no Sesc Copacabana.

Luísa Thiré idealizou homenagem à Tônia Carrero, com a peça que marcou a trajetória na carreira da avó: NAVALHA NA CARNE, de Plínio Marcos.Luísa interpreta a personagem que consagrou Tônia no teatro, a prostituta decadente Neusa Sueli.Alex Nader é o cafetão Vado e o ator Ranieri Gonzalez dá vida a Veludo. A direção é de Gustavo Wabner, um dos nomes da nova safra de diretores do teatro carioca.A estreia acontece dia 11 de abril, no Sesc Copacabana. “Plínio Marcos retrata temas atuais, como violência,poder, homofobia, machismo e espaço da mulher na sociedade. Esses assuntos, minha avó, se viva estivesse, estaria embandeirando eestaria lutando pela liberdade de expressão, liberdade nas artes e cultura, respeito, tolerância, diferenças e pelo amor. Minha avó foi movida pela paixão. Eu sou apaixonada por ela. Sou movida pela paixão que sempre tive por ela e para realizar este projeto”, confidencia Luísa. NAVALHA NA CARNE UMA HOMENAGEM A TÔNIA CARRERO estreou ano passado, em 23 de agosto, no Sesc São Paulo, na data em que Tônia completaria 96 anos. Fez apresentações em Niterói e nos festivais de Pernambuco e Curitiba de 2019.

Luísa com a avó Tônia, sua grande inspiração.

A partir do dia 13, haverá uma pequena exposição – ETERNA TÔNIA -no foyer do teatro de arena. Desde a chegada, o público será inserido no“universo Tônia Carrero”. A mostra tem a curadoria de Luísa e expografiado cenógrafo Sérgio Marimba.“Nesse momento em que estamos falando sobre o empoderamento feminino, em que há tanta mulher massacrada e vítima de feminicídio, a gente grita e berra mais do que nunca. Acho emblemático e fundamental homenagear Tônia Carrero. Ela sempre lutou, não só por sua liberdade e espaço, mas também para ser exemplo de força motora para as mulheres”, revela Luísa Thiré.

No início do espetáculo, como um prólogo, é apresentado um vídeo de 6 minutos, contando a trajetóriade Tônia, depoimentos da própria e de Plínio Marcos. “A arte nas mãos dos poderosos constrange mais do que as armas”, exclama Plínio, no vídeo, que tem narração deCarlos Arthur Thiré, também neto da homenageada.

Segundo o diretor Gustavo Wabner, estética e interpretações do espetáculo são realistas. “Optei por uma base realista, bem sólida. O realismo propicia um maior entendimento, maior clareza, sobre o universo que o dramaturgo retrata. O texto é muito direto, cru, vivo e visceral, e em muitos momentos, fisicamente muito violento. Nosso grande desafio foi tentar descobrir os silêncios, não cair na armadilha do grito, e assim descobrir as camadas e a humanidade dos personagens. Tentamos descobrir também alguma leveza, e quem sabe até, alguma poesia”, detalha Wabner.

Neusa Sueli (Luísa Thiré), prostituta decadente, chegando do trabalho, ao entrar no quarto da pensão, encontra seu explorador, o cafetão Vado (Alex Nader), muito irritado e agressivo por não encontrar o dinheiro que ela teria deixado. O casal passa a investigar o principal suspeito, Veludo (Ranieri Gonzalez),faxineiro da pensão e única pessoa com acesso ao aposento. Uma violenta discussão acontece entre os três. A briga mostra preconceitos e ignorância.

“Navalha na Carne provou para crítica e para o público, que a minha avó era uma grande atriz e não só uma linda mulher”, conta Luísa.O texto foi escrito em 1967.No ano seguinte, Tônia, Nélson Xavier e Emiliano Queiroz, dirigidos por Fauzi Arap, participaram da primeira encenação carioca do espetáculo. “A atual montagem não situa cronologicamente o espetáculo em nenhuma década específica, e pode ser classificado como atemporal, apesar da fidelidade ao texto que foi mantido na íntegra, com todas as gírias e a embocadura característica de Plínio Marcos.”, conta o diretor.

“Será que eu sou gente? Será que eu, você e Veludo somos gente? Eu chego até a duvidar. Duvido que gente de verdade viva assim, um aporrinhando o outro, um se servindo do outro”. Este trecho do texto resume o cotidiano de Neusa Sueli, uma mulher sem esperança, que não tem mais sonho, refém de uma rotina miserável, capaz de qualquer coisa para manter o cafetão.  Vado, Sueli e Veludo têm uma relação de dependência, um precisa do outro. 

A equipe criadora – cenário – Sérgio Marimba// luz – Paulo César Medeiros// figurino – Marcelo Marques e produção – Norma Thiré –imaginaram o quarto de pensão, onde se desenvolve toda ação dramatúrgica,como se ele existisse, onde tudo que acontece fosse possível realmente de ocorrer. “Representamos o quarto da pensão, da maneira mais natural. A hora que a Neusa Sueli abre a torneira, sai água de verdade. A luz que existe nesse quarto de pensão é uma iluminação possível de existir, não tem liberdades estéticas, há um neon que reflete no quarto, pela janela, que vaza pela fresta da porta”, descreve Gustavo.

Na trilha de Marcelo Alonso Neves, não há música que venha de fora do quarto. Tem um rádio/cd fisicamente presente na cena. Ele é usado para trazer todos os momentos musicais do espetáculo. Quando o rádio toca na peça, ele toca de verdade. Quando tem a trilha incidental, são barulhos que existem na vizinhança, um caminhão que passa, a sirene da polícia, um cão que late, etc. A ideia do diretor é que neste “quarto/ringue”, os3 personagens sejam invadidos por tudo que acontece ao redor.

Serviço – Navalha na Carne

Temporada: 11 de abril a 28 de abril.

Horários: De quinta a domingo, às 19h.

Classificação indicativa: 16 anos

Duração: 75min.

Ingresso: R$ 30 inteira | R$ 15 meia | R$ 7,50 associados SESC.

Local: Sesc Copacabana, 2º andar.

Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana, Rio de Janeiro/RJ.

Telefone: (21) 2548-1088.

 

FICHA TÉCNICA:

Texto: Plínio Marcos

Direção: Gustavo Wabner

Elenco: Luísa Thiré, Alex Nader e Ranieri Gonzalez

Cenário: Sergio Marimba

Figurino: Marcelo Marques

Iluminação: Paulo Cesar Medeiros

Direção musical: Marcelo Alonso Neves

Direção de Movimento: Sueli Guerra

Preparação vocal: Ana Frota

Visagismo: Rose Verçosa

Fotografia e design: Victor Hugo Cecatto

Vídeo: Carlos Arthur Thiré, Marcelo Duque e Luísa Thiré

Direção de produção: Celso Lemos

Supervisão de Produção: Norma Thiré

Assessoria de Imprensa: Barata Comunicação

Idealização: Luísa Thiré

 

Exposição Eterna Tônia

Período: 13 de abril a 28 de abril.

Horários:Terça a domingo, das 10h às 21h.

Classificação indicativa: Livre

Ingresso: GRATUITO

Local: Foyer do Teatro Arena do Sesc Copacabana

Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana, Rio de Janeiro/RJ.

Telefone: (21) 2548-1088

*foto ‘Luísa e Tônia’ : retirada da Internet (site Jornal Extra)-autor desconhecido

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