O Corpo da Mulher Como Campo de Batalha

Espetáculo do romeno MatéiVisniec é dirigido por Fernando Philbert e retrata a violência contra a mulher nas guerras e no dia a diaO Corpo - foto Nil Caniné-5524 - Copia

 Duas mulheres se cruzam depois do conflito bósnio, uma terapeuta norte-americana e uma bósnia violentada. Ambas revelam suas histórias numa tentativa desesperada de encontrar forças para continuar suas trajetórias.Após uma bem-sucedida temporada no Sesc Copacabana, O corpo da mulher como campo de batalha, de MatéiVisniec, reestreia dia 4 de agosto, no Teatro Poeira. O espetáculo retrata duas mulheres arrasadas, feridas, que tentam reconstruir a percepção sobre si mesmas e sobre o mundo.

Através de Kate (Ester Jablonski), uma psicoterapeuta americana que trabalha como voluntária, e Dorra (Fernanda Nobre), uma refugiada bósnia vítima de estupro, Visniec deflagra um grito sobre a condição da mulher durante a guerra, quando o estupro era a tática mais utilizada para humilhar e derrotar o inimigo de ambos os lados. A dramaturgia de MatéiVisniec, aliada à direção de Fernando Philbert, tem a potência de traduzir o ser humano ao trazer para a cena a questão da violência contra a mulher sem derrotismo, mas sob o ponto de vista da luta e resistência em todas as guerras, até mesmo as do dia a dia.

O autor romeno, naturalizado francês após pedir asilo político em 1987, é considerado por muitos “o novo Ionesco”, por dar continuidade ao gênero do teatro do absurdo. Outro traço de seus trabalhos é o olhar crítico do autoritarismo e as contradições inerentes ao ser humano.”Descobri quando vim morar no Ocidente, que as pessoas podem ser manipuladas mesmo em uma sociedade livre e democrática e que isso pode ser feito em nome da liberdade e da democracia. Descobri que a luta pelo poder pode tornar-se um espetáculo grotesco, que a demagogia tem sutilezas que se pode facilmente confundir com reflexão filosófica; e que, o que é ainda mais grave, a demagogia casa-se muito bem com os poderes das mídias. Descobri que a liberdade pode ter um lado selvagem, que a informação pode matar a comunicação, que nada jamais é definitivamente adquirido e que o ser humano deve lutar sempre por seus direitos, para preservar sua liberdade ameaçada pelos efeitos da liberdade. Acho que o teatro pode e deve falar disso, falar dos múltiplos paradoxos da sociedade industrial, moderna e democrática. A sociedade civilizada, evoluída, não está protegida dos numerosos poderes obscuros que a rondam, que a desumanizam(…)”, define Matéi.

Nada mais atual. Embora escrito nos anos 90, a atualidade é uma das marcas mais contundentes do espetáculo.

SERVIÇO:O CORPO DA MULHER COMO CAMPO DE BATALHA

Nova Temporada: 4 a 28 de agosto

Horários: Quintas aos sábados, às 21h e domingos, às 19h

Local: Teatro Poeira – Rua São João Batista 104, Botafogo

Valor Ingresso: R$50,00 (inteira)

Bilheteria: Terça a sábado a partir das 15h às 21h. Domingo: 15h às 19h.

Vendas de Ingressos online: Ingresso.com

Duração: 70 minutos/Classificação: 14 anos

Gênero: Drama/Capacidade: 135 lugares

Haverá debates após as apresentações dos dias 11, 19 e 25 de agosto.

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