Reginaldo Faria: “A memória traz coisas que eles não conseguem reproduzir na tv”

Do alto de seus 85 anos de vida, e setenta anos de uma das mais brilhantes trajetórias artísticas, Reginaldo Faria pode se dar ao luxo de constar em todas as listas que fazem referência aos melhores atores do nosso país. Suas atuações em peças, filmes e novelas fizeram dele um ator respeitado não só pelo público, mas também por todos os colegas com quem trabalhou.

Quem não se lembra do vilão Marco Aurélio, que no último capítulo de “Vale Tudo” deu uma banana para o Brasil? Ou do famoso costureiro Jacques Leclair, que assinava coleções de figurinos que na verdade eram feitos por sua mãe? Sim, esses são apenas dois exemplos de personagens que foram eternizados pelo grande ator.

Inclusive muitos deles já puderam ser revistos, tanto pelo canal Viva, quanto pelo Globoplay, onde novelas e seriados de décadas passadas são exibidos com enorme sucesso.

Reginaldo revela não ter o hábito de assistir as reexibições, mas gosta de saber que seus trabalhos são revividos pelo grande público.

O ator, que normalmente é mais recluso e avesso a badalações e eventos, esteve semana passada na estreia do espetáculo “Duetos”, onde seu filho (Marcelo Faria) brilha ao lado de Patricya Travassos, no Rio de Janeiro. E nós tivemos oportunidade de trocar dois dedos de prosa com ele, num bate-papo informal onde o ator falou inclusive do amigo Jô Soares, falecido no mesmo dia.

*Que tal a emoção de ver o filho nos palcos?

Reginaldo – O que eu pude perceber é que o Marcelo é um ator de grande maturidade, o que antes eu não via. Eu via um grande ator, mas com a maturidade que ele tem hoje. Isso deixa ele confortável, deixa ele senhor do palco, e isso é maravilhoso. Nós, atores, sabemos muito bem o que isso significa.

*E da plateia o senhor pôde perceber também a vibração do público…

Reginaldo – Com certeza. E sendo aplaudidos várias vezes em cena aberta, o que é um ótimo sinal.

*De alguns anos pra cá estão sendo exibidos, tanto no canal Viva quanto no Globoplay, novelas de sucesso nas quais o senhor fez personagens antológicos. O senhor tem o costume de assistir?

Reginaldo – Eu vou lhe falar sinceramente. Eu gosto de saber que tudo isso está sendo relembrado, revivido pelo público. Mas eu não tenho tempo disponível para assistir, porque tenho outras coisas a fazer. E tem uma coisa curiosa também, que é o seguinte. Isso tudo fica na memória, e a memória traz coisas que eles jamais vão conseguir reproduzir na televisão ou em qualquer outro veículo; são as memórias internas, coisas de bastidores, da realização do projeto, coisas que só quem viveu aquele momento sabe o que representa.

*Hoje partiu o nosso querido Jô Soares. O senhor poderia falar algo sobre ele?

Reginaldo – Muito lamentável que tenhamos perdido o Jô, essa pessoa maravilhosa que vamos sempre guardar no coração. Para mim ele é eterno.

*Muito obrigado pelo carinho conosco.

Reginaldo – Eu que agradeço o carinho de vocês; contem comigo.

Reportagem : Léo Uliana/Foto : reprodução Internet

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